O intestino humano possui 10x mais bactérias e 100x mais material genético do número total de células do organismo, tendo essa biomassa importância vital para nossa saúde, com intensa atividade metabólica.
A colonização dessas bactérias não se dá de maneira uniforme ao longo de todo o intestino, visto que elas apresentam diferentes atividades, dependendo do locam onde colonizam. A mesma é temporária, o que faz com que devamos estar sempre vigilantes em busca de um complexo equilíbrio da microbiota intestinal entre os Mos que normalmente residem no TGI, que tem um papel muito importante na nutrição, fisiologia e regulação do sistema imune, conferidos pela interação entre:
- Bactérias Probióticas;
- Bactérias Comensais;
- Bactérias Patogênicas.
A idade do indivíduo altera muito a composição da microbiota. Ao longo da vida são muitos os fatores que alteram esse equilíbrio, em especial o uso de alguns medicamentos, maus hábitos alimentares e o estresse decorrente do dia-a-dia.
Atenção deve ser dada aos idosos pela queda fisiológica no número de bifidobactérias intestinais que contribui para uma menor motilidade e uma menor produção de AGCC, interferindo diretamente no tempo de trânsito intestinal.
- Bactéria x fonte energética:
As bactérias necessitam de nutrientes (fibras e CHO não digeríveis, muco, células mortas e metabólitos provenientes da atividade enzimática bacteriana) para crescimento e reprodução, e é no intestino grosso que elas encontram os substratos ideais. Exemplo disso é que se o substrato for CHO não digerível (fibras solúveis e insolúveis, amido resistente e oligossacarídeos), há a produção local de AGCC (proprionato, acetato e butirato) que atuam na regulação do metabolismo colônico e na regulação hepática do metabolismo de lipídeos e glicose, enquanto no cólon o ácido butírico atua como um substrato energético preferencial aos colonócitos. Além da produção de ácido lático e gases com a consequente redução do ph intestinal e estimulação da proliferação de células epiteliais do cólon, desempenhando um efeito trófico sobre o intestino.
Existem duas maneiras de substâncias penetrarem no organismo pelo intestino: através da veia porta, chegando ao fígado e sofrendo destoxificação, ou, pela circulação linfática, onde os nutrientes são coletados na membrana basolateral, movem-se pelos canais e encontram a circulação sanguínea no ducto torácico, evitando o chamado "metabolismo de primeira passagem" hepático.
O intestino é um sistema complexo que participa na proteção do hospedeiro através de um mecanismo de defesa ao ambiente externo. O mesmo possui três eficientes linhas de defesa que se comunicam entre si competindo pelo mesmo substrato, pelos sítios de adesão na mucina, pela produção de um ambiente fisiologicamente restritivo e produção de substâncias antibióticas como as bacteriocinas:
- Microbiota intestinal;
- Barreira mucosa;
- Sistema imune entérico.
O intestino contém o maior pool de células imunocompetentes do organismo. Sabe-se que 70% do sistema linfóide está associado com o intestino, onde se encontram linfócitos B, T e fagócitos, uma vez que o intestino é a maior porta de entrada de diversos elementos estranhos ao nosso corpo.
É um estado no qual a microbiota produz efeitos nocivos via:
- Mudanças qualitativas e quantitativas na própria microbiota intestinal;
- Mudanças na sua atividade metabólica;
- Mudanças em sua distribuição do TGI.
Tudo começa no parto. Crianças nascidas de parto cesáreo têm conteúdo de lactobacilos e bifidobactérias significativamente inferior ao das crianças nascidas de parto normal. Outra questão é a alimentação. Crianças amamentadas exclusivamente ao seio apresentam um conteúdo de probióticos muito superior em seu intestino, bem como menor número de bactérias patogênicas. Somando a estes dados, hospitalização e uso de antibióticos são dois fatores a contribuir em muito ao desenvolvimento da disbiose intestinal já no neonato.
Diante da tamanha importância que o intestino ganha no que se refere aos cuidados com diversas doenças sistêmicas, torna-se de suma relevância equilibrarmos o ambiente intestinal como um todo. Para tanto, propõe-se o programa dos 4 R's:
- Remover: redução da colonização intestinal por bactérias patogênicas, fungos, parasitas, redução dos xenobióticos e alimentos alergênicos, uma vez que todos estes são fatores disparadores de disfunção gastrointestinal, por estimularem resposta imune e inflamatória;
- Recolocar: reequilibrio das concentrações do ácido clorídrico estomacal e das enzimas essenciais para digestão de todos os nutrientes;
- Reinocular: ingestão de pró e prébióticos;
- Reparar: introdução de uma dieta não irritativa, rica em nutrientes de crescimento, e pelo reparo da mucosa.